sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fumaça misteriosa sai de gruta, mata animais e gera perplexidade em TOCANTINS



Tarcisio Lima/ Jornal do Tocantins
Uma fumaça misteriosa cuspida de uma gruta no interior do Tocantins está mobilizando curiosos, acadêmicos e autoridades governamentais. Todos tentam entender a origem da névoa esbranquiçada que vem matando os animais e plantas do entorno.

A caverna fica nas redondezas do município de Miracema, no interior do Tocantins, dentro de uma propriedade particular. Como contam os moradores da cidade, a estranha novidade começou a ser notada há cerca de 20 dias. "Mas de ontem para hoje, só se fala disso aqui. Virou uma fofoca só", narra Humberto Luiz, proprietário do hotel Vereda Leste.
Por medida de segurança, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins e a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil isolaram o acesso à gruta, que fica próxima ao assentamento Brejinho. O bloqueio é feito num raio de 100 metros e, até que um laudo seja feito para atestar o tipo de gás que exala do local, qualquer visitação está proibida.

No último dia 5 de maio, durante inspeção feita por integrantes do Corpo de Bombeiros e dos órgãos ambientais do governo, foram coletadas amostras de solo, rochas laterais e de resíduos de material orgânico (morcegos, corujas e insetos). O material foi entregue ao Instituto Natureza do Tocantins, departamento oficial responsável pela análise. Até terça-feira, o resultado será conhecido.
Duas explicações
Fernando Morais, professor de geologia do curso de geografia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), esteve na caverna na manhã desta sexta-feira (7). Como ele conta, mesmo a 4 km do local, já é possível notar um forte cheiro que lembra amônia. "Mesmo da cidade já se sente o odor", diz.
O especialista chegou a entrar na gruta, cuja embocadura mede seis metros de altura por 100 de comprimento. Como ele analisa, o único fato concreto é que se trata de um foco de incêndio em excrementos de morcego, chamados de guano.
A origem das labaredas, porém, divide os técnicos. São duas as hipóteses apontadas: combustão natural, causada por motivos desconhecidos, ou então uma combustão provocada por visitantes. "Não é um ponto turístico. Mas vimos inscrições de nomes nas paredes, lixo e sinais de fogueiras. Pode ser que alguém, querendo ou não, colocou fogo ali", argumenta.
Morais atesta a morte de animais e plantas. "Encontramos aves, morcegos e insetos que não resistiram ao cheiro", afirma. Para ele, a toxicidade vem da mistura da fumaça com amônia. "Estudiosos de morcegos entram em cavernas diariamente e nunca têm problemas, já que a amônia produzida pela decomposição das fezes dos bichos é pouco concentrada. Mas a reação química, junto com a fumaça, criou uma nuvem perigosa", explica.
"Há plantas mortas na entrada da caverna. Provavelmente, o sereno fez com que os materiais presentes no gás caíssem nas folhas", diz

Segundo um especialista ouvido, trata-se de um foco de incêndio em excrementos de morcego. A origem das labaredas, porém, divide os técnicos. São duas as hipóteses apontadas: combustão natural ou provocada por visitantes da gruta

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